GALERIA DE ARTE
Série Casa Percy - Laranjas
E o que fazer neste novo cotidiano? Nos tempos de "fique em casa"?
Nas leituras para ver o que fizeram, fazem e dizem os artistas, encontrei em Van Gogh, nas cartas que escrevia ao irmão Théo, a afirmação: "Agora já não sinto mais nenhuma hesitação em ficar aqui, porque as ideias para o meu trabalho estão a vir comigo em abundância". Ele falava do lugar e da casa onde estava morando. Manoel de Barros disse: "Meu quintal é maior que o mundo". O contemporâneo, Vick Muniz diz: "Olha a sua volta: há um mundo de coisas para as quais você não dá a menor importância". E as obras deles são magníficas, instigantes!
E o que fiz então? Intensifiquei meu olhar sobre as coisas ao meu redor. Vazia de filhos e netos, mas cheia do calor da presença amiga do Aníbal, da mana Cleusa e da cachorrinha Mel, ali estava eu. Na Casa Percy.
Intensifiquei meu olhar para ela. O jardim. O quintal. Eu sempre gostei deles, mas agora gostava mais ainda. Eles são refúgio, abraço, alento, inspiração, propiciam e dão suporte às minhas descobertas e experiências. E a série de trabalhos sobre a Casa Percy e a partir dela, ganhou reforço. Não é tempo das bananas na Percy, mas é tempo de laranjas, goiabas, temperinhos, suculentas, muitas flores, de livres, de cursos online sobre aquarela, sobre a arte de modo geral, sobre o corona vírus em particular.
No interior da casa tantas surpresas. Descobertas. Tantas coisas para as quais não tinha mais tempo de voltar meu olhar interessado, admirado, vagaroso, amoroso, crítico seletivo. O cotidiano, a vida corrida, tantos envolvimentos me levavam para longe dali. Quantos mimos guardados, esquecidos... Quantos livros preciosos! Outros tantos, livros e objetos, que já não tinham mais função na minha vida e que estavam prontos para o descarte. E que descarte eu fiz e estou fazendo! Muitas descobertas ainda em curso!
E este olhar vagaroso, amoroso, crítico, curioso, seletivo, alimentou entre outras, a série Casa Percy - Laranjas.
Série Abstratos de Setembro
"Abstratos de Setembro" é um conjunto de aquarelas pintadas num momento de grande instigação artística, em setembro de 2019. Sem pretensão de causar surpresas técnicas, descarreguei ali naquele papel, todo sentimento de amor à arte da aquarela, pelo qual estava tomada naquele momento e sempre.
Série Livros de Artista: Festival de Pandorgas
Esta série foi criada nas Oficinas de Arte do Centro Integrado de Cultura de Florianópolis (SC), em 2016. Sua inspiração veio da obra do artista Hiedy Assis Corrêa (HASSIS). Em 1965, o artista criou desenhos motivados no folclore ilhéu, em mosaico português, para cinco praças de Florianópolis. Lá estavam também as pandorgas, folguedo tão amado pela gurizada ilhoa. A série, composta por 8 mini livros, compôs a Exposição Memorando 3 - 3ª edição, no Espaço de Oficinas do CIC, no período de 17 de novembro de 2016 a 18 de dezembro de 2016. A curadoria da exposição coletiva foi da artista e professora Patrícia Amante que, na ocasião, assim expressou-se: "Livros de artista são espaços de criação, onde costuramos narrativas com várias linguagens poéticas, estabelecendo um diálogo entre o desenho das palavras e os bordados das imagens".
Série Livros de Artista: Araucárias
- Sabe quando as lembranças e as imagens se interpenetram e guardam tesouros de um tempo vivido?
- Quando as imagens emergem, impondo sua presença, como diz Kati e Caetano¹, por frestas, buracos, espelhos, trazendo o que está fora do alcance de nossos olhos - mas presente no espírito - para dentro de nossos campos de percepção?
Então, nos Livros de Artista: Araucárias, registro estas lembranças obsessivas.
¹ Kati e Caetano in Etienne Samain (org.). Como pensam as Imagens. Ed. Unicamp, 2012, p. 198.